O Arcebispo metropolitano de Niterói, Dom José Francisco, ordenou na manhã deste sábado, 11 de abril, na Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração (Santuário das Almas), em Icaraí, Niterói, os seminaristas: Celso Luiz Enetério, Dalvan Schopf, Daniel Mota Uberti, Julio Cesar Trindade Verissimo, Matheus de Barros Pigozzo e Willians Mar da Silva Paulo.
Dentre as funções do ministério do diácono, que recebe a imposição das mãos, “não para o sacerdócio, mas para o serviço” (LG 29), está a de proclamar e pregar a Palavra de Deus, ministrar o sacramento do batismo, assistir matrimônios, distribuir a sagrada comunhão, levar o viático aos enfermos e idosos e servir ao sacerdote no altar.
A celebração eucarística na qual foram ordenados os seis novos diáconos da Arquidiocese de Niterói teve a presença de uma multidão de fiéis vindos das diversas paróquias da Arquidiocese.
Durante a homília Dom José disse: “Hoje é dia de uma liturgia linda! A oração consecratória diaconal talvez seja a mais bonita das três que conferem os graus do sacramento da Ordem. Desejo muito que vocês a conservem no coração. Desejo muito que vocês estejam como Pedro, sempre com sede da eternidade, de Algo que transcende que dará sentido a todos os momentos que vocês terão pela frente.”
Ao final da celebração Dom José abençoou a todos os presentes.
O Diaconato
O diácono é ícone de Jesus Cristo servidor: o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida como resgate por muitos (Mt 20,28). Jesus nos ensinou que quem quiser ser o maior deve ser o servo de todos (cf. Mc 10,42-45) e esteve entre nós como aquele que serve: Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve! (Lc 22,27).
As mais recentes Diretrizes para o Diaconato Permanente da Igreja no Brasil, documento 96 da CNBB (2012) assim se expressam: No contexto da ministerialidade da Igreja e, mais especificamente, no âmbito do ministério ordenado, o diácono define-se como sacramento de Cristo Servo e como expressão da Igreja servidora (CNBB, Doc. 96, n.28). O tema do serviço está bastante presente no Novo Testamento: o verbo diakonêin aparece 36 vezes, o substantivo diakonía 30 vezes e, com significados diferenciados, a expressão diákonos ocorre 34 vezes.
O diaconato é ministério presente desde o início da Igreja e o Magistério da Igreja vê a sua origem na escolha dos sete homens dos Atos dos Apóstolos 6, 1-11. Os Doze convocaram então a multidão dos discípulos e disseram: “Não é conveniente que abandonemos a Palavra de Deus para servir às mesas. Procurai, antes, entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos desta tarefa. Quanto a nós permaneceremos assíduos à oração e ao ministério da Palavra”. (…) Apresentaram-nos aos apóstolos e, tendo orado, impuseram-lhes as mãos (At 6,2-4.6). Há referências explícitas aos diáconos nas cartas de Paulo: Fl 1,1; 1 Tm 3,8-13.
O diaconato estabeleceu-se na Igreja como ministério estável entre os séculos II e V, o que é amplamente documentado: Didaqué; Santo Inácio de Antioquia; Hermas; Didascalia Apostolorum; São Clemente de Roma; Hipólito de Roma; O Testamento do Senhor. No primeiro momento o ministério diaconal cuidou particularmente da caridade, depois vieram os serviços do culto e da pastoral.
Por vários motivos o diaconato permanente entrou em decadência no Ocidente e tornou-se apenas etapa transitória em vista da ordenação presbiteral. O Concílio de Trento quis restaurar o diaconato permanente no Ocidente e o Concílio Ecumênico Vaticano II efetivamente restabeleceu o diaconato permanente (cf. Lumen Gentium 29), apresentando condições teológico-pastorais favoráveis ao seu exercício: eclesiologia de comunhão e participação, teologia da diversidade de carismas e ministérios, o poder compreendido como serviço e a necessidade pastoral (cf. CNBB, Doc. 96, n. 4).
Por João Dias
Fotos: Thiago Maia