Desde aquela hora aliaram-se a formação litúrgica do pastor e a inteligência do arquiteto para a execução do projeto de 1960, aprovado em 29.10.1962 e reaprovado em 14.02.1963, e que traz até hoje características de modernidade.
A hora decisiva de começar a obra chegou em 1969, e, com ela, surpresas penosas e positivas que ficam para a história.
Que Deus a queria, era uma certeza. Os acontecimentos o confirmavam, e São Judas, por que não dizer, estava de olho nela…
Então, adiante! Os recursos técnicos superaram os tropeços políticos e o arquiteto determinou como preservar o canal de Icaraí, pretexto para tantas “negaças” na opinião dos responsáveis. Escolheu três pontos fora dele para suportar o peso da cúpula, e disso resultou a igreja de forma triangular.
Ora, o triângulo é a figura geométrica utilizada para simbolizar a Verdade que deseja revelar-nos o mistério central da fé e da vida cristã – há um só Deus, em três pessoas distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
A presença de tal simbolismo se conforma de Várias maneiras.
Em 1980, a ENITUR (Empresa Niteroiense de Turismo) solicitou do padre Abílio Real Martins informações sobre a moderna arquitetura, já em destaque. Em resposta, ele assim se expressa: ‘… Daí sua forma triangular que, pela pureza geométrica, inculca ao vivo a simplicidade de Deus e das coisas do espírito. Esta forma una, simples, rígida e indeformável exprime com felicidade a Unidade e a Trindade de Deus”. E acrescenta: “As projeções da cúpula desenham a estrela-de-davi que, vista de cima, forma um hexágono regular. Pode-se notar assim, sem maior esforço, uma insinuação da estreita ligação da Nova com a Antiga Aliança. A torre obedece ao mesmo espírito formal em base triangular, com duas faces triangulares planas e duas faces verticais hiperbólicas”.
Pelo que se pode observar, ainda, as peças de cultura artesanal que se juntam em sequências diversas para revestir o templo se apresentam moldadas em formas triangulares.
Chega-se, então, a depreender dessa moderna forma arquitetural da igreja uma perene evocação a Santíssima Trindade.
Seu interior veio sóbrio de decoração e de imagens – o Cristo Crucificado, uma imagem de Nossa Senhora e outra do padroeiro (de autoria de Julio Espinosa, mais condizente com o estilo da igreja, mas já substituída por outra de tipo tradicional).
Na sobriedade, porém, a beleza artística da lateral da chamada Capela de São Judas, decorada com o itinerário de suas viagens para evangelizar a partir da Ceia do Senhor, trabalho exclusivo do artista espanhol Julio Espinosa.
Do mesmo autor, de excepcional beleza ficou o painel da entrada. A alguns passos da grade de ferro que fecha o templo, mediando duas portas – entrada e saída – uma parede de cor dourada, artesanalmente trabalhada. Nela, vazadas do exterior para dentro, letras fechadas ao fundo por transparências coloridas que, ao receberem a luz vinda do interior da igreja, como que se acendiam e deixavam à leitura dos passantes, em cores vivas, a inscrição latina “In honorem Sacti Judae’ (Em honra de São Judas). Sem dúvida, talvez a mais original identificação de um templo.
Como não poderia deixar de ser, um novo templo é sempre mais uma fonte de evangelização. Portanto, era mais um centro de irradiação donde partiria, para todas as direções da paróquia, a proclamação da Palavra de Deus. Julio Espinosa o entendeu assim e quis deixar também expressa esta ideia. Aproveitou-a para decorar exteriormente a igreja, esculpindo em toda a extensão de sua fachada as figuras simbólicas dos quatro evangelistas: São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.
É de se notar ainda a presença de uma rampa que tem mais importância do que à primeira vista se pode imaginar. Dá acesso a um terraço em torno da cúpula, que em sua base deixou espaços abertos para o interior da igreja, fechados, depois, por vidros.
Dizia-se, inicialmente, que através destes os fiéis, posicionados no terraço, poderiam acompanhar atos do culto. Esta previsão, se houve, não chegou a ser praticada.
Tal rampa possibilita alcançar o terraço, que tem prerrogativas de um mirante, por ser um local privilegiado de convergência e observação dos prédios da praia, da Baía de Guanabara e da cidade do Rio de Janeiro.