Caros pais exaustos e desanimados,
Seus filhos são terríveis na Missa. Caóticos, desobedientes e arteiros – semana após semana. É como se um grande holofote estivesse aceso sobre vocês o tempo todo.
Mas eu sei o que vocês passam. Eu comecei a ter medo dos domingos. Nós tentamos de tudo. Ir à Missa mais cedo, mais tarde, dar explicações sussurradas, fazer ameaças sussurradas, sentar na frente, sentar atrás… Talvez alguns dos truques tenham ajudado, mas a verdade é que ninguém sai da igreja sem gritar, sem fazer uma corrida louca pelo presbitério ou sabe lá Deus o quê.
Apesar de tudo, toda semana eu e minha família barulhenta e caótica estamos lá (no fundo), atrapalhando e distraindo todo mundo e nos sujeitando ao julgamento de um grande número de pessoas que, talvez, não entendam como é difícil ensinar uma criança a ficar sentada e em em silêncio por uma hora. Parece insano. Ainda assim, vestimos nossas roupas e colocamos nossos corpos sob aquele teto, exatamente como a Igreja Mãe nos pede.
Eu quero que vocês saibam que, se isso também acontece com vocês, tudo bem. Cristo tinha algo muito importante a dizer sobre pessoas como nós:
Quando Jesus olhou para cima, viu algumas pessoas ricas depositando muitas ofertas no cofre do templo e notou uma pobre viúva colocando apenas duas pequenas moedas. Ele disse: “Em verdade vos digo: esta pobre viúva pôs mais do que os outros. Pois todos aqueles lançaram nas ofertas de Deus o que lhes sobra; esta, porém, deu, da sua indigência, tudo o que lhe restava para o sustento” (Lucas 21, 1-4)
Não é exatamente isso que estamos fazendo? Estamos dando literalmente tudo o que temos, obedecendo ao pedido da Igreja de ir à Missa dominical. Vergonha, infelizmente, não é uma razão suficiente para ficar em casa. Para o mundo exterior, parece que a gente está fazendo o mínimo. Sim, nós entramos na igreja. Mas estamos nos concentrando? Estamos tendo uma experiência espiritual? Nós conseguimos ouvir uma única palavra do Evangelho? Nós (e Cristo) somos os únicos que sabem o quanto estamos realmente doando.
Assim como as duas pequenas moedas da mulher na caixa de coleta parecem nada em comparação com a gigantesca sacola de ouro do rico, nossa contribuição parece tão pequena que alguém poderia se perguntar se não nos incomodamos com isso. Por que ir à Missa, se você vai passar o tempo todo controlando as crianças? Mas Cristo está lá para nos lembrar que ele não vê como o resto do mundo vê.
Muito frequentemente, deixo a Missa me sentindo fracassada. Eu nem consigo acompanhar a celebração, e saio tão rápido que até me esqueço de fazer a genuflexão. Que tipo de católico eu sou? Se é assim que vocês se sentem também, não se esqueçam: quem tem filhos pequenos, crianças com necessidades especiais ou alguém que requeira a sua atenção na Missa não consegue se ajoelhar e ouvir com atenção. E esse é um tipo único de pobreza. Nós, na nossa pobreza, realmente damos tudo o que temos, apenas fazendo o melhor que podemos. Mesmo que o nosso melhor seja apenas aparecer por lá.
Então não parem. E por favor, não se preocupem muito com a aparência da sua família. Mesmo que não seja fácil, continuem fazendo tudo da mesma forma. E saibam que Deus vê o quão valioso é o sacrifício que vocês fazem.
Por Anna O’Neil
Via Aleteia