Em diversos países, é frequente ver grupos cristãos defensores da vida se reunirem diante de clínicas de aborto para rezar pelos bebês em gestação e pelos seus pais, pedindo a Deus a graça de tocar o coração dos que pretendem eliminar os nascituros e de inspirá-los a optar pela vida.
Não há delito algum nessas manifestações, que se baseiam no amplamente reconhecido direito de expressar-se pacificamente em local público, sem prejuízo do fluxo normal de pessoas e veículos.
Entretanto, vêm aumentando os casos de manifestantes pró-vida que sofrem acosso por parte de autoridades, inclusive chegando a ser detidos.
Nos Estados Unidos, em outubro de 2017, um cristão que estava lendo a Bíblia em uma calçada pública do outro lado da rua em frente a uma clínica de aborto em Toledo, Ohio, foi forçado pela polícia a interromper a sua manifestação religiosa. Calvin Zastrow e sua filha processaram o município e a polícia por violação dos seus direitos de liberdade religiosa e de expressão. O processo registra:
“Em nenhum momento Calvin Zastrow entrou na propriedade do centro de aborto Capital Care, nem impediu que alguém entrasse no centro de aborto: ele permaneceu na calçada pública. Em nenhum momento ele se envolveu em qualquer violência, nem empregou qualquer dispositivo de amplificação de som, usando apenas sua voz e a palavra falada. Em nenhum momento ele impediu alguém de usar a calçada pública”.
O “crime” de Calvin Zastrow foi simplesmente o de “incomodar” com a sua manifestação pessoal de fé uma clínica abortista do outro lado da rua.
Em fevereiro de 2018, Juan Pablo Gallo, prefeito da cidade colombiana de Pereira, proibiu no município a vigília da oração e jejum chamada “40 Dias pela Vida“, argumentando, com enviesamento ideológico, que a campanha “viola os direitos fundamentais” das mulheres grávidas. Devido a essa proibição arbitrária, os participantes da vigília passaram a correr o risco de ser presos. Na ocasião, o diretor da organização Unidos pela Vida, Jesús Magaña, organizador da multitudinária Marcha anual pela Vida na Colômbia, declarou sem papas na língua:
“O prefeito e seus funcionários são pró-aborto. Ele procurou, através dos decretos municipais, impedir o direito humano fundamental e também constitucional de liberdade de manifestar-se e expressar-se, com o argumento de que não se pode violar o direito ao aborto para mulheres grávidas. E esse suposto direito não existe. É um conchavo ideológico político e talvez comercial da administração pública de Pereira com os promotores do aborto, especialmente das empresas ‘Oriéntame’ e ‘Profamilia’, que são associadas à Planned Parenthood”.
Até um sacerdote foi preso por se manifestar em favor da vida junto a uma clínica de abortos. No último 29 de setembro, o pe. Fidelis Moscinski e outras cinco pessoas visitaram uma clínica de abortos em Nova Jersey, nos Estados Unidos, para entregar às gestantes ali presentes uma rosa vermelha e um cartão com mensagem em defesa da vida e números telefônicos de centros de ajuda para grávidas em dificuldades. Trata-se de uma atividade organizada pelo grupo Citizens for a Prolife Society (Cidadãos por uma Sociedade Pró-Vida).
Enquanto o padre e os ativistas estavam dentro da clínica, outros sacerdotes e religiosos da congregação dos Frades Franciscanos da Renovação permaneciam em frente ao local, rezando e prestando apoio espiritual aos demais participantes do assim chamado “resgate de rosas vermelhas”. A polícia foi chamada e prendeu o sacerdote e quatro de seus companheiros, que acabaram liberados após cerca de três horas de detenção.
Por mais que se alegue uma suposta “invasão a propriedade privada”, é bastante questionável a necessidade de prisão desses manifestantes pacíficos. Será mesmo que o “incômodo” que eles causaram a certas consciências era para tanto? Por quê?
Via Aleteia
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