Paróquia São Judas Tadeu - Icaraí

“Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo?” (Jo 14,22)
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Os youtubers influenciam nossos filhos?

As principais perguntas dos pais e mães respondidas por uma especialista no assunto

Como os youtubers podem influenciar nossos filhos? A psicóloga Jussara Cavalcanti, especialista em atendimento e assistência a crianças, adolescentes e famílias, responde às maiores dúvidas sobre o tema.

1. Como ensinar a criança a questionar a qualidade do conteúdo dos vídeos? Se até os adultos são influenciados pelos youtubers, como desenvolver um senso crítico em crianças para poder distinguir o que é bom ou não?

A questão sobre o conteúdo dos vídeos está diretamente relacionada ao desenvolvimento do pensamento crítico na criança. É precisamente isso que permitirá à criança e ao adolescente elaborar um julgamento crítico do que é bom ou não.

Por isso, devemos ter cuidado para não moldar os pensamentos das crianças, mas dar-lhes condições de conhecer e refletir sobre o mundo. O exemplo dos pais é o primeiro passo, e requer grande atenção, porque a princípio as crianças imitarão dos pais o modo de ser, agir, falar e respeitar os outros. Mais tarde, elas irão desenvolver sua própria personalidade através de questionamentos, da observação de parentes, amigos, professores e até mesmo do que vêem na TV e nas redes sociais.

Os pais devem incentivar seus filhos a se expressarem, envolvendo-os a participar através de sua opinião, sempre buscando responder às perguntas que eles formulam, desenvolver resiliência, autoestima, ensiná-los a lidar com o “não”, promover e estimular a leitura e as brincadeiras ao ar livre, o fortalecimento dos laços é fundamental. Dessa maneira, a criança se sentirá segura e livre para expressar seus pensamentos, de modo que ela possa ser orientada adequadamente de acordo com os valores da família.

2. Até que idade o bloqueio de canais é viável? E quanto ao tempo adequado de uso?

É difícil estabelecer uma idade ideal para o bloqueio de canais, o importante é seguir a faixa indicativa para a qual eles estão alocados, e que haja supervisão dos pais.

Em relação ao tempo de exposição, a Academia Americana de Pediatria afirma que, entre 2 e 5 anos de idade, o tempo máximo é de uma hora por dia, e com pausas a cada 20 minutos até os 7 anos, para proteger o desenvolvimento da visão. É importante que o uso das telas não ocorra próximo à hora do sono, pois a exposição à luz pode prejudicar o sono das crianças, afetando a produção de melatonina, o hormônio responsável pelo sono.

Os limites e regras impostos às crianças devem se refletir no próprio comportamento dos pais, ou seja, estes devem evitar exagerar no uso de seus dispositivos.

3. Na escola, eles vão ouvir muitas conversas sobre youtuber X, youtuber Y, desafios etc., e, possivelmente, tentar se adaptar ao que seus colegas fazem. Como lidar com a influência dos colegas? Qual é o papel dos pais, qual é o papel da escola? Até onde vai a privacidade da criança? Existe um limite de controle?

O mundo virtual é uma realidade atual hoje. Nós temos uma geração que já nasceu conectada, eles são conhecidos como nativos digitais, geração Z, millennials, globalistas e muitas outras definições.

A influência dos colegas sempre existiu e continuará a existir, mas não deve ser substituída pela orientação dos pais.

Os pais têm importância moral fundamental para a criança e servem como exemplo real, eles têm força de motivação e convicção. Um campo aberto de diálogo é essencial para esclarecer dúvidas e orientar.

A escola também tem um papel importante e, junto com os pais, deve trabalhar em equipe, pois suas funções são complementares, na educação e formação da criança. A escola deve promover diretrizes sobre o uso apropriado da tecnologia e até usá-la como auxiliar no processo educacional.

4. Que tipos de comportamento dos youtubers podem influenciar negativamente nas crianças, mesmo que os pais não percebam isso de maneira clara e direta?

Comportamento agressivo, o uso de palavrões, a linguagem de baixo calão, mesmo em tom de brincadeira, o preconceito, a propensão ao conflito e à violência, a apologia à sexualidade e às drogas exercem uma influência negativa sobre a criança. Isso pode gerar confusão, insegurança, dificuldade de convivência, ocasionando problemas de isolamento social, depressão e baixa autoestima, além de problemas de aprendizagem, devido à dificuldade de concentração.

5. O diálogo é primordial em qualquer relacionamento, principalmente na criação dos filhos. Como retomar o diálogo quando as crianças já são influenciadas pelo que elas acessam na Internet e os pais, por sua vez, não têm a segurança e autoridade para se impor?

Neste caso, a ajuda de um profissional adequado (médico ou terapeuta) pode ajudar os pais a restabelecer o diálogo, impor limites e estabelecer regras. Além disso, é necessário que os pais permaneçam atentos às suas próprias atitudes em relação ao uso de tecnologias. O ideal é criar uma rotina familiar de uso consciente de todos os dispositivos, seja celular, computador ou TV.

6. Como retormar esse limite quando os pais já perderam o controle sobre o que as crianças veem na Internet?

Retomando o diálogo, confiança e criando um ambiente seguro e favorável. E os pais têm de dar o exemplo.

7. Como o pai pode distinguir a fronteira entre educação, proteção e bloqueio da aprendizagem?

A Internet é uma grande fonte de informação e conhecimento, mas requer a utilização adequada para que se torne uma fonte de aprendizagem e ajuda complementar à educação das crianças, reforçando assim a necessidade de acompanhar o conteúdo acessado.

Se o mundo real já requer proteção e cuidado dos pais com seus filhos, na Internet esses cuidados precisam ser redobrados. Estabelecer um limite para isso, no entanto, não é uma tarefa fácil, o importante é ter bom senso, estabelecer laços afetivos e promover o diálogo. Fazendo isso juntos, o resultado será positivo.

8. O baixo desempenho escolar da criança pode ter alguma relação com vídeos do YouTube?

Você não pode estabelecer uma relação direta entre vídeos do YouTube e desempenho escolar sem uma análise detalhada do conteúdo que você vê. O que se pode afirmar é que quando uma criança tem um grande interesse pelo computador e passa horas nele, ela pode perder o interesse pela escola.

Quando os pais usam a tecnologia para distrair a criança, eles passam a mensagem de que esperar em silêncio, concentrar-se, aprender a esperar e se esforçar é entediante, criando assim crianças impacientes, com baixa capacidade de esforço, e isso refletirá no processo de aprendizagem da criança.

9. Eu pergunto isso porque nas crianças hoje é moda querer ser um YouTuber, e é chocante o número de crianças que pensam assim.

Sim, a tecnologia veio para ficar, e esta é uma realidade que traz mudanças profundas em nosso modo de vida.

Hoje, há adolescentes e jovens que acabam encontrando popularidade, fama e dinheiro antes mesmo de se formarem na Universidade.

A tecnologia, juntamente com os avanços da Internet, não deixa dúvidas de que as gerações futuras vão encontrar novas maneiras de ganhar dinheiro, e certamente a profissão de Youtuber estará entre as escolhas destes jovens.

10. A partir de que idade a criança começa a ter um senso de responsabilidade e visão crítica um pouco mais elaborada? E se isso falhar, até que ponto vale negociar antes de simplesmente proibir?

Isso pode variar de acordo com o desenvolvimento de cada criança. Uma criança que tenha boa supervisão, hábitos saudáveis, uma vida organizada, que participe do trabalho doméstico desde a infância e com bons exemplos dos pais, será responsável mais cedo.

Estima-se que, entre os 12 e os 14 anos, desenvolva-se o senso crítico, que as ajudará em suas decisões, podendo assim ter gradualmente mais liberdade, sem que isso signifique ausência de orientação e supervisão. Orientação e supervisão continuarão sendo necessárias! Um bom diálogo será sempre a maneira mais apropriada de estabelecer acordos, em vez de uma proibição unilateral.

11. Que consequências pode haver para a criança que cresce com essa distância dos pais em casa, que por várias razões deixam seus filhos mais tempo navegando na Internet do que interagindo com a família?

O primeiro risco é o isolamento social. As crianças que passam muito tempo em redes sociais convivem menos com a família e pouco a pouco perdem o interesse em sair, em estar com os amigos, depois têm fortes problemas emocionais, vivendo mais no mundo virtual do que no mundo real.

12. Qual é a melhor maneira de explicar e fazer a criança entender a decisão de não poder ver mais o/a Youtuber de que ela gosta?

Neste caso, é necessário explicar as razões reais, destacar os valores da família e mostrar o que a criança pode perder com essa escolha.

13. Em que medida podemos distinguir o está passando dos limites?

Nem sempre é fácil, mas a criança dá sinais com a mudança de seu comportamento. Não é incomum ouvir pais que dizem: “eu achava que era uma coisa à toa”, “ah, se eu tivesse notado antes”, “sempre passei muito tempo com meu celular, achava normal” etc.

Temos que estar atentos aos nossos filhos, aproximarmo-nos deles, conversar e fazê-los se sentir seguros. Promover um ambiente saudável e favorável ao seu desenvolvimento. Deixe de lado seu smartphone, computador, TV e tablet para dar-lhes atenção. Do contrário, vamos criar uma geração sem limites e com sérios problemas emocionais.

 

Via Nerdpai

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