Paróquia São Judas Tadeu - Icaraí

“Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo?” (Jo 14,22)
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Rezar é dizer "Abbà" com confiança de criança, diz Papa

Em sua catequese desenvolvida nesta quarta-feira durante a Audiência Geral, o Papa Francisco deu continuidade a sua série de explanações sobre a oração do Pai Nosso.

Francisco inspirou-se na Carta de São Paulo aos Romanos 8, 14-16 para falar aos 7 mil fiéis presentes na Sala Paulo VI:

“Hoje partimos da observação de que, no Novo Testamento, a oração parece querer chegar ao essencial, até concentrar-se em uma única palavra: Abbà, Pai”.

Novidade do Evangelho

Para o Papa nesta invocação concentra-se toda a novidade do Evangelho:

“Depois de ter conhecido Jesus e ouvido sua pregação, o cristão não considera Deus mais como um tirano a temer, não sente mais medo dele, mas floresce em seu coração a confiança nele: pode falar com o Criador, chamando-o de “Pai”. A expressão é tão importante para os cristãos, que muitas vezes é conservada intacta em sua forma original: ‘Abbà'”, afirmou ele, completado:

“Basta evocar esta expressão – Abbà – para que se desenvolva uma oração cristã. (…) Nesta invocação há uma força que atrai todo o resto da oração”. “Temos que imaginar que, nestas palavras em aramaico permanece como que “gravada” a voz do próprio Jesus, “respeitaram o idioma de Jesus”. Nas primeiras palavras do “Pai Nosso”, encontramos imediatamente a novidade radical da oração cristã”.

Se entendermos que não se trata apenas de usar a figura do pai como um símbolo para relacionar ao mistério de Deus, mas o mundo inteiro de Jesus transvasado no próprio coração, podemos rezar com verdade o “Pai Nosso”:

Como uma criança nos braços do Pai

Para Francisco, “Dizer “Abbà” é algo muito mais íntimo e comovente do que simplesmente chamar Deus de “Pai”.

Na verdade, essa expressão lembra afeto, calor, algo que nos remete no contexto da infância, como uma criança envolvida pelo abraço de um pai que sente infinita ternura por ele. “E por isso, queridos irmãos e irmãs, para rezar bem é preciso chegar a ter um coração de criança. Para rezar bem, não um coração autossuficiente. assim não se pode rezar bem. Mas como uma criança nos braços de seu Pai, seu papai”, ressaltou o Papa.

Filho Pródigo

O “Pai Nosso”, diz Francisco, ganha sentido e cor se aprendemos a rezá-lo depois de ter lido a parábola do Pai misericordioso (cf. Lc 15,11-32):

“Imaginemos esta oração pronunciada pelo filho pródigo, depois de ter experimentado o abraço de seu pai, que o havia esperado por um tempo, um pai que não recorda as palavras ofensivas que ele havia dito, um pai que agora o faz perceber simplesmente a falta que sentiu dele. Assim descobrimos como aquelas palavras ganham vida, ganham força. E nos perguntamos: como é possível que Tu, ó Deus, conheça somente o amor? Mas Tu não conheces o ódio? Não, responderia Deus. Eu conheço somente o amor. Onde está em Ti a vingança, a pretensão de justiça, a ira pela sua honra ferida? E Deus responderia: eu conheço somente o amor.”

O Papa observa que a forma como age o pai da parábola do Filho Pródigo, “recorda muito o espírito de uma mãe”, pois no geral são as mães que desculpam seus filhos, que os cobrem, que não rompem a empatia que têm por eles, que continuam a querê-los bem.

Mesmo quando não mereceriam mais nada.

Deus nos procura, nos ama… mesmo que tenha sido esquecido

“Basta evocar esta expressão – Abbà – para que se desenvolva uma oração cristã. (…) Nesta invocação há uma força que atrai todo o resto da oração”, afirma Francisco para logo explicar:

“Deus busca você, mesmo que você não o procure. Deus ama você, mesmo que você tenha se esquecido dele. Deus vê em você uma beleza, ainda que você pense ter desperdiçado inutilmente todos os seus talentos. Deus é não somente um Pai, é como uma mãe que nunca deixa de amar sua criação. Por outro lado, há uma “gestação” que dura para sempre, bem além dos nove meses daquela física, e que gera um circuito infinito de amor.

Rezar é dizer Pai com confiança de criança

Continuando, o Papa afirmou que, para o cristão, “rezar é simplesmente dizer “Abbà”, dizer papai (…), mas com a confiança de uma criança.

E concluiu o Pontífice:

“Pode suceder que também a nós aconteça de caminhar por caminhos distantes de Deus, como aconteceu com o filho pródigo; ou de precipitar em uma solidão que nos faz sentir abandonados no mundo; ou ainda de errar e ser paralisados por um sentimento de culpa.
Nesses tempos difíceis, podemos ainda encontrar a força de rezar, recomeçando pela palavra “Abbà”, mas dita com o sentido terno de uma criança, “Abbá”, papai. Ele não esconderá de nós o seu rosto.

Recordem bem, talvez alguém tenha dentro de si coisas ruins, coisas que não…não sabe como resolver, tanta amargura por ter feito isto ou aquilo. Ele não esconderá o seu rosto. Ele não se fechará no silêncio.

Você diz “Pai” e Ele responderá a você. Você tem um Pai! “Sim, mas eu sou um delinquente”. Mas você tem um Pai que ama você. Diga a Ele “Pai” e comece a rezar assim, e no silêncio nos dirá que nunca nos perdeu de vista. “Mas Senhor, eu fiz isto e aquilo”.

Mas eu nunca perdi você de vista. Eu vi tudo. Mas sempre estive ali, próximo de você, fiel ao meu amor por você. Esta será a resposta.

Não esqueçam nunca de dizer “Pai”, finalizou.

JSG
Da Redação Gaudium Press, com informações “Vatican News”

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